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CYBERFUNK são os que subvertem e se apropriam dos sons impostos sobre seus ouvidos de forma a inventar novas formas de expressão em um terreno árido de possibilidades de voz. A falta se torna motor de criação de novos ritmos, novas agências, da formulação de outra relação com a tecnologia: um ethos gambiarra que vai além da mera resistência à precariedade para se tornar uma forma de se relacionar no mundo.

É sobre como os pretos de Trinidade e Tobago, confrontados com a proibição de tambores pelos colonizadores, começaram a percutir em ferro velho e inventam o steel drum. É sobre como os pretos da Jamaica, sem acesso aos bailes fechados, botam seu som na rua e inventam a cultura do soundsystem. É sobre como esses mesmo jamaicanos, quando migram para Nova York, se misturam com os pretos do Bronx, juntam dois toca-discos e um microfone, e inventam o som do hip hop.

É sobre como essa batida desembarca no Rio de Janeiro, onde os pretos daqui pegam um TR-808 obsoleto e misturam com os toques das religiões afro-brasileiras para inventar o funk carioca. É sobre a energia cair no meio do show e percutir apenas com a boca criando uma nova batida que ressoa até hoje na base dos bailes em 150 bpm.

O preto em diáspora procura nas brechas e no hackeamento construções de possibilidades de existência que ultrapassem a mera sobrevivência, emendando cabos até fazer o chão tremer: o grave nos une. É a diáspora em movimento. É o aterramento dos desterrados. Como podemos agora nos apropriar da tecnologia da blockchain para manter nossos ritmos soando em novos espaços e tecnologias, explorando as extensas possibilidades que a web3 oferece?

CYBERFUNK é uma coleção de 21 animações 1/1 feitas à mão inspirados na moda e na cultura da juventude preta carioca para criar personagens e cenários de um Rio de Janeiro futurista, com desdobramentos multimídia em moda e som.

O projeto se materializa no espaço físico e digital simultaneamente, com pontes que borram as fronteiras entre as duas formas de existir. Adesivos e vestimentas com realidade aumentada, o sincretismo técnlonogico da trilha sonora de AFRICANOISE, tudo converge em uma especulação sobre qual a cara do futuro que nossa prática de invenção vai desenhar.

Em 2024, o projeto ocupou o LAA do Museu do Amanhã em uma mostra coletiva onde outros artistas e pesquisadores foram convidados a desenvolver obras e textos que dialogassem com a série. O resultado foi a exposição "CyberFunk: Tecnologias de uma Cidade Ritmada" que, dividida em três eixos temáticos – territorialidade, som e moda – provoca o público a abraçar a responsabilidade sobre nossa relação com a tecnologia e seus usos, movimentando as táticas de hackeamentos e redirecionamentos das intenções, por meio das proposições e oficinas de artistas interessados em pesquisar as formas como interagimos com inovações técnicas influencia nossa percepção de tempo e território. 

A exposição reuniu obras dos artistas Africanoise, bernardo pormenor, Escola de Mistérios, Gean Guilherme, Vicxs além de textos de GG Albuquerque, Obirin Odara e Rachel Oliveira Vieira. 

CyberFunk também conta com seu braço em moda, com camisas que ganham vida a partir de filtros de realidade aumentada em suas estampas, produzidas em parceria com a SAGAZ.

Fotos abaixo por Manoela Rodrigues.

A trilha do projeto fica por conta de AFRICANOISE, com três faixas criadas para cada uma das paisagens sonoras que representam o ASFALTO, o SUBÚRBIO e a FAVELA. As músicas foram reúnidas em um EP, que conta também com um remix produzido pela DJ e produtora carioca VICX.

Você pode ouvir ele aqui:

Saiba mais sobre o processo por trás de CYBERFUNK:

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